sexta-feira, 22 de abril de 2016

Aula Magna 2016 com Nuccio Ordine escritor do livro ”A Utilidade do Inútil”

Ao assistir Aula Magna 2016 com Nuccio Ordine  escritor do livro ”A Utilidade do Inútil”

Fiz várias reflexões sobre o título do livro e imediatamente lembrei-me de um aluno Manoel, menino muito inteligente, mas em sua mente fica questões como: o porque estudar certos conteúdos? Não consegue ver essas aplicações em sua vida. Outro dia ele me falou: professora sabe o que me interessa? Matemática financeira. Então pensei: “interessante a colocação dele estamos estudando funções exponenciais e ele pensa em dinheiro. Tem algo de errado em minha aula, não consigo encantá-lo com meu conhecimento para fazer com que ele entenda que se o fato é estudar a moeda corrente nada mais lucrativo que estudar função exponencial que  possuem diversas aplicações no cotidiano, e na Matemática financeira está presente nos cálculos relacionados aos juros compostos, pois ocorre acumulação de capital durante o período da aplicação”. Falei isso a ele, mas não o convenci.  Quando Ordine em sua fala defende que só aquilo que está fora da lógica do lucro — as artes, a filosofia, a ciência — pode nos salvar da autodestruição. Como convencer as pessoas da utilidade do que é considerado inútil?
Trechos da fala de ordine:
“ É preciso olhar o mundo em que vivemos, onde a lógica do dinheiro domina tudo. A única coisa que não pode ser comprada é o saber. Não é possível se tornar um homem culto com um cheque em branco. Criamos um mundo onde as pessoas pensam apenas no seu próprio egoísmo. Perdeu-se de vista o sentido da solidariedade humana. “
“ Os saberes, como a música, a literatura, a filosofia, a arte, nos ensinam a importância da gratuidade. “
“Devemos fazer coisas que não buscam o lucro. A dignidade humana não é a conta que temos no banco. A dignidade humana é a nossa capacidade de abraçar os grandes valores, a solidariedade, o amor pela justiça, o bem-estar. Como convencer as pessoas disso? Meu argumento é que estamos numa rota autodestrutiva.”
“O perigo hoje não está só nos cortes que atingem as ciências humanas, mas também nos que atingem a ciência fundamental. Foi a pesquisa básica que criou as grandes revoluções da humanidade. Alguns trabalhos, que pareciam inúteis em certa época, tiveram resultados que mudaram a história da Humanidade. Por exemplo, na década de 1950, na Inglaterra, o governo anunciou que cem projetos de pesquisa seriam financiados. Só um não era um produto para o mercado. Os únicos professores que receberam dinheiro para fazer pesquisa básica se chamavam James Watson e Francis Crick. Eles descobriram a molécula do DNA.”
“No meu livro, coloco as ciências e as humanidades juntas. Os homens de ciência e os humanistas devem caminhar juntos para defender seus campos do utilitarismo.”
“Hoje as pessoas buscam as belezas fáceis. Isto quer dizer que não tenho mais tempo de me dedicar muito à leitura ou pra passar horas num museu quando tenho disponível um museu como o Prado, o Louvre... A gente foi aprendendo que “tempo é dinheiro”.  E as pessoas preferem livros que não pedem esforços  e melhor freqüentar aquelas manifestações culturais superficiais onde não aprendo nada porque não tenho tempo pras coisas que requerem um compromisso pessoal. Esse é o risco de hoje: cultivar belezas fáceis, risos fáceis, bestsellers, os filmes de efeitos especiais, tudo o que usamos pra nos distrair porque não queremos pensar nem ser estimulados a refletir.”
Ele também coloca que uma faca vale mais que um poema porque é mais fácil entender a utilidade de uma faca do que a letra, o sentimento de um poema. Mas nem tudo se pode transformar em mercadoria. Olha as multinacionais enquanto precisam do lugar que estão investem  valores imensuráveis quando o local não os favorecem mais, deixam os impactos ambientais para a comunidade local.
E a população virou prisioneira da necessidade são os sem tempo, homem moderno é o homem atarefado, não tem tempo para coisas que julga inúteis, tornando se incapazes de ter afetos e amizades.

O governo quando diz que não há dinheiro para pesquisas sobre cultura, arte, educação,estamos  sobre tudo diante de uma crise moral. Ele conclui sua fala que quando a crise aperta uma nação é necessário duplicar os investimentos em educação para que não se caia no abismo e na ignorância.

Referências de países onde se valoriza a cultura como forma de conhecimento.

 
                            Grécia- Cidade  de Olímpia                   Itália- Coliseu Roma Antiga

2 comentários:

  1. Raquel!
    Fiquei feliz em ver suas postagens, que possamos instigar a curiosidade,como a de Manoel.

    Siga compartilhando suas reflexões!
    Tutor@ Isolete

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  2. A fala dele é magnífica, nos faz pensar na relevância dos nossos ensinamentos em sala de aula, os valores que construímos juntos, pois só a educação questionadora e reflexiva irá transformar nossa sociedade.

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