Ao assistir Aula Magna 2016 com Nuccio Ordine escritor do livro ”A Utilidade do Inútil”
Fiz várias reflexões sobre o
título do livro e imediatamente lembrei-me de um aluno Manoel, menino muito
inteligente, mas em sua mente fica questões como: o porque estudar certos
conteúdos? Não consegue ver essas aplicações em sua vida. Outro dia ele me
falou: professora sabe o que me interessa? Matemática financeira. Então pensei:
“interessante a colocação dele estamos estudando funções exponenciais e ele
pensa em dinheiro. Tem algo de errado em minha aula, não consigo encantá-lo com
meu conhecimento para fazer com que ele entenda que se o fato é estudar a moeda
corrente nada mais lucrativo que estudar função exponencial que possuem diversas aplicações no cotidiano, e na
Matemática financeira está presente nos cálculos relacionados aos juros
compostos, pois ocorre acumulação de capital durante o período da aplicação”. Falei
isso a ele, mas não o convenci. Quando Ordine
em sua fala defende que só aquilo que está fora da lógica do lucro — as artes,
a filosofia, a ciência — pode nos salvar da autodestruição. Como convencer as
pessoas da utilidade do que é considerado inútil?
Trechos da fala de ordine:
“ É preciso olhar o mundo em que vivemos, onde a lógica do dinheiro
domina tudo. A única coisa que não pode ser comprada é o saber. Não é possível
se tornar um homem culto com um cheque em branco. Criamos um mundo onde as
pessoas pensam apenas no seu próprio egoísmo. Perdeu-se de vista o sentido da
solidariedade humana. “
“ Os saberes, como a música, a literatura, a filosofia, a arte, nos
ensinam a importância da gratuidade. “
“Devemos fazer coisas que não buscam o lucro. A dignidade humana não é
a conta que temos no banco. A dignidade humana é a nossa capacidade de abraçar
os grandes valores, a solidariedade, o amor pela justiça, o bem-estar. Como
convencer as pessoas disso? Meu argumento é que estamos numa rota
autodestrutiva.”
“O perigo hoje não está só nos cortes que atingem as ciências humanas,
mas também nos que atingem a ciência fundamental. Foi a pesquisa básica que
criou as grandes revoluções da humanidade. Alguns trabalhos, que pareciam
inúteis em certa época, tiveram resultados que mudaram a história da
Humanidade. Por exemplo, na década de 1950, na Inglaterra, o governo anunciou
que cem projetos de pesquisa seriam financiados. Só um não era um produto para
o mercado. Os únicos professores que receberam dinheiro para fazer pesquisa
básica se chamavam James Watson e Francis Crick. Eles descobriram a molécula do
DNA.”
“No meu livro, coloco as ciências e as humanidades juntas. Os homens de
ciência e os humanistas devem caminhar juntos para defender seus campos do
utilitarismo.”
“Hoje as pessoas buscam as belezas fáceis. Isto quer dizer que não
tenho mais tempo de me dedicar muito à leitura ou pra passar horas num museu
quando tenho disponível um museu como o Prado, o Louvre... A gente foi
aprendendo que “tempo é dinheiro”. E as
pessoas preferem livros que não pedem esforços
e melhor freqüentar aquelas manifestações culturais superficiais onde
não aprendo nada porque não tenho tempo pras coisas que requerem um compromisso
pessoal. Esse é o risco de hoje: cultivar belezas fáceis, risos fáceis, bestsellers,
os filmes de efeitos especiais, tudo o que usamos pra nos distrair porque não
queremos pensar nem ser estimulados a refletir.”
Ele também coloca que uma faca
vale mais que um poema porque é mais fácil entender a utilidade de uma faca do
que a letra, o sentimento de um poema. Mas nem tudo se pode transformar em
mercadoria. Olha as multinacionais enquanto precisam do lugar que estão
investem valores imensuráveis quando o
local não os favorecem mais, deixam os impactos ambientais para a comunidade
local.
E a população virou prisioneira
da necessidade são os sem tempo, homem moderno é o homem atarefado, não tem
tempo para coisas que julga inúteis, tornando se incapazes de ter afetos e
amizades.
O governo quando diz que não há
dinheiro para pesquisas sobre cultura, arte, educação,estamos sobre tudo diante de uma crise moral. Ele
conclui sua fala que quando a crise aperta uma nação é necessário duplicar os investimentos
em educação para que não se caia no abismo e na ignorância.
Referências de países onde se valoriza a cultura como forma de conhecimento.
Grécia- Cidade de Olímpia Itália- Coliseu Roma Antiga
Raquel!
ResponderExcluirFiquei feliz em ver suas postagens, que possamos instigar a curiosidade,como a de Manoel.
Siga compartilhando suas reflexões!
Tutor@ Isolete
A fala dele é magnífica, nos faz pensar na relevância dos nossos ensinamentos em sala de aula, os valores que construímos juntos, pois só a educação questionadora e reflexiva irá transformar nossa sociedade.
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